quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Matemascópio


MATEMÁTICA


Van Gog


Às folhas tantas do livro matemático, um Quociente apaixonou-se um dia doidamente por uma incógnita. Olhou com seu olhar inumerável e viu-a do ápice à base: uma figura ímpar; olhos rombóides, boca trapezóide, corpo ortogonal, seios esferóides. Fez da sua uma vida paralela à dela até que se encontraram no infinito...


" Que és tu?" - indagou ele em ânsia radical. "Sou a soma dos quadrados dos catetos. Mas pode me chamar de hipotenusa". E de falarem descobriram que eram o que em aritmética corresponde a almas irmãs: primos entre sí.


E assim se amaram ao quadrado da velocidade da luz, numa Sexta potenciação traçando, ao sabor do momento e da paixão, retas, curvas, círculos e linhas senoidais nos jardins da Quarta dimensão. Escandalizaram os ortodoxos das fórmulas euclidianas e os exagetas do Universo Finito. Romperam convenções newtonianas e pitagóricas. E enfim resolveram se casar, constituir um lar, mais que um lar, uma perpendicular. Convidaram para padrinhos o Polígono e a Bissetriz. E fizeram planos, diagramas e equações para o futuro, sonhando com uma felicidade integral e diferencial.


E se casaram e tiveram uma secante e três cones muito engraçadinhos. E foram felizes até aquele dia em que tudo vira afinal monotonia.


Foi então que surgiu o Máximo Divisor Comum, frequentador dos círculos concêntricos viciosos. Ofereceu, a ela, uma grandeza absoluta e reduziu-a a um denominador comum. Ele, Quociente, percebeu que com ela não mais formava um todo, uma unidade. Era um triângulo, tanto chamado amoroso. Desse problema ele era uma fração, a mais ordinária.


Mas foi então que Einstein descobriu a Relatividade e tudo que era espúrio passou a ser moralidade, como aliás em qualquer sociedade."


Extraído da Coluna Matemascópio, publicada pelo Cel. do Exército e Professor Manoel Felizardo de Paula Pessoa Mendes.


Daniel Cê


Tamboril, abril de 1999.

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